02/12/2013

Cálice

À semelhança do caldeirão, a simbologia do cálice está ligada à fertilidade e à Deusa. O seu elemento é a Água e nele é contida a própria água, que deverá estar sempre presente no altar. Em algumas festividades ou rituais específicos pode ainda encher-se com alguma bebida ritualística a ser servida durante os mesmos, ou usada numa libação.
O cálice pode ser feito de praticamente qualquer tipo de material (prata, ouro, barro, cristal, madeira, pedra...) tendo em atenção se a sua composição não é tóxica. Materiais sintéticos, como o plástico, também não devem ser uma opção.

27/11/2013

Athame

O athame é um punhal ritualístico com a função de canalizar energia para o ritual. É um instrumento de comando e manipulação de poder, e por isso comumente usado em rituais de protecção e banimento - desviando forças negativas ou entidades indesejáveis. 
Tradicionalmente a sua lâmina é de duplo corte e o seu cabo de cor preta, pois o preto absorve o poder, e pode ainda conter símbolos mágicos inscritos em si. A sua forma sugere uma natureza fálica, sendo associado às energias masculinas e ao Deus.
Há quem acredite que o Fogo é o elemento que o rege. Alguns dos argumentos apontam para a forma como um punhal é forjado através do fogo, a sua coligação com o Sol e o Deus, ou ainda pelo simbolismo que o fogo representa (autoridade, combate, protecção...), fortemente ligado à imagem de uma espada. No entanto, também há quem o associe ao elemento Ar.
Alguns praticantes utilizam ainda um segundo punhal (ou foice), geralmente de cabo branco, conhecido como Bolline. Uma faca de trabalho somente usada para a colheita de ervas e plantas, o corte de madeiras, a inscrição de símbolos em velas, entre outras tarefas.

12/11/2013

Caldeirão

O caldeirão representa o útero da Deusa, onde tudo se transforma e de onde tudo nasce. Tradicionalmente é feito de ferro e na sua base possui três pés que representam as três faces da Deusa: Jovem, Mãe e Anciã. Simboliza a quinta-essência, o Elemento Éter, contendo em si também os quatro elementos, e é por isso posicionado no centro do altar.
Envolto em histórias e lendas, mistério e tradição mágica, é associada à bruxaria desde séculos. Nele queimam-se ervas e preparam-se feitiços e poções. Contendo fogo, lançam-se papeis com desejos, e cheio de água, é utilizado como espelho mágico para visualizar o futuro ou o passado. Ao longo do ano, no altar, é também ornamentado por flores, velas, cristais ou outros elementos mágicos com um significado ou propósito.
Mas onde obter um caldeirão?
Diversas lojas esotéricas dispõem de caldeirões com tamanhos e formatos variados, mas nem sempre poderá ser uma boa opção devido aos seus preços que, na maioria, são elevados. Uma boa hipótese será procurar em feiras, mercados, lojas de artesanato ou em segunda mão. Na impossibilidade de comprar, arrisque e tente fazer o seu próprio caldeirão em barro!

02/11/2013

A Roda do Ano


O tempo e o espaço são circulares, tudo acaba onde recomeça. Desde tempos antigos que os pagãos reconheciam a existência de um ciclo nas suas vidas, que se manifestava não somente através da Natureza mas de todo o Universo. Observavam-no através do Sol, da Lua e das Estações do Ano, e celebravam essas mudanças ano após ano com festividades em ocasiões específicas.
Hoje em dia, originários de antigos rituais europeus, comemoram-se normalmente 8 festivais anuais conhecidos como Sabbats, e a esse conjunto chamamos Roda do Ano. Através deles sincronizamos as nossas energias com as da Natureza e acompanhamos a evolução do Sol durante o ano, representando as várias faces do Deus: O seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e finalmente o seu declínio e morte, para que depois possa voltar a renascer e assim retornarmos a um novo ciclo (poderão ler mais à cerca das faces do Deus ao longo da Roda do Ano aqui).
Os Sabbats dividem-se ainda em dois grupos denominados Sabbats Maiores e Sabbats Menores. Os Maiores são os mais antigos, vinculados aos primitivos rituais pagãos de plantio, colheita e caça. Já os Menores correspondem às estações da Natureza, e foram incorporados somente mais tarde, quando houve uma percepção exacta da orientação solar o que determinou os Solstícios e Equinócios (algumas tradições pagãs não celebram este último grupo).
A Roda do Ano está de acordo com o Hemisfério Norte, naturalmente devido às suas raízes europeias. Para os habitantes do Hemisfério Sul isto poderá causar algum desassossego e confusão. Uns optam por celebrar da forma original e outros invertem a roda para que os Sabbats que celebram os Solstícios e Equinócios correspondam aos da sua região, mesmo que isso cause alguma incoerência em determinadas datas e suas mitologias. Esta questão é uma das mais polémicas entre os pagãos, no entanto acredito que os leitores que vivam no Hemisfério Sul encontrarão a fórmula certa para si. Abaixo poderão consultar o calendário consoante o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul.


31/10/2013

Onde obter ervas para utilização mágica?

As ervas crescem um pouco por todos os lugares. Junto às ribeiras, nas florestas, nas montanhas, nos desertos, nas águas de um lago... e facilmente encontramos também nos nossos jardins várias ervas úteis na magia herbal. 
Há quem defenda que o uso das ervas que sejam nativas da região onde vivemos e que cresçam localmente produzem melhores resultados, pois tanto as ervas como o mágico estão em harmonia por viverem no mesmo solo. Isto limita o número de ervas que podem ser usadas, porque estas plantas requerem uma vasta variedade de condições de crescimento, e as ervas usadas na magia provêm de todo o mundo.


Felizmente, as ervas que não crescem perto de nós podem ser encontradas em supermercados, lojas de jardinagem, mercados, ervanárias e lojas de comida saudável e em lojas esotéricas. As poucas ervas que são praticamente impossíveis de obter actualmente são raramente necessárias e por isso quase esquecidas. Tudo o resto está disponível.

Tenho que comprar as minhas ervas numa loja mágica?
Podem comprar onde muito bem entenderem. Muitas ervas são mais difíceis de encontrar, mas aquelas disponíveis nos mercados podem ser certamente usadas.

Magia das Ervas

  Cada erva tem a sua própria essência, as suas propriedades. Algumas ervas tem propriedades de cura, outras de protecção, outras sorte, amor, dinheiro... Existem variados usos e poderes que as ervas nos dispõem. A magia das ervas é o uso de poderes da Natureza para causar mudanças necessárias. E nós direccionamos essas energias para o nosso objectivo mágico. É uma prática absolutamente ligada à Natureza.
   Desde os primórdios da humanidade que os nossos antepassados trabalhavam magicamente com as ervas. Por volta do ano 3000 a.e.c (antes da era cristã) muitas plantas eram regularmente usadas no Egipto, na Suméria e noutros locais. Por volta do ano 200 a.e.c. a magia das ervas estava firmemente ligada ao dia-a-dia das pessoas. Milhões de plantas eram regularmente usadas como auxilio na vida das pessoas, um pouco por todo o mundo.
    Mais tarde, quando o Cristianismo começou a tentar acabar com as práticas pré-cristãs, a magia das ervas tornou-se secreta e foi adaptada. Muito do conhecimento antigo perdeu-se. Mas felizmente, alguns manuscritos preservaram-se, e nos anos 30 iniciou-se novamente uma busca pelas propriedades das ervas, um interesse pela medicina herbal. No início dos anos 70 a curiosidade foi mais além e procurou descobrir as suas utilizações ocultas. As ervanárias espalharam-se pelo mundo, até que nos anos 80 muitos livros trouxeram informações sobre as suas propriedades mágicas. E assim, a magia das ervas renasceu.

30/10/2013

O Altar

Os Instrumentos Mágicos são dispostos num Altar. A palavra altar vem do grego altum que significa "lugar elevado". O Altar é o próprio reflexo da nossa espiritualidade, o nosso ponto de ligação com os Deuses. É um espaço muito pessoal, onde concentramos e geramos energias, é também uma manifestação simbólica da nossa devoção. Na sua construção devemos expressar admiração e prazer, elabora-lo da forma que mais gostarmos. Podemos também dedicar o nosso altar a cada estação que chega, decorando-o com as cores apropriadas e com o que a Natureza nos oferece nessas épocas.
Tradicionalmente, o Altar fica virado para o Norte, pois em tempos antigos acreditava-se que a morada dos deuses ficaria a Norte. Mas também é comum posiciona-lo a Leste, onde o Sol nasce, representando o desabrochar de novas oportunidades e começos.
No Altar encontram-se representados os quatro Elementos da Natureza, e cada um corresponde a um Ponto Cardeal. Estas conexões com os quadrantes variam muito de lugar para lugar e até mesmo de tradição para tradição, mas é comum a seguinte associação:
Esta associação talvez não faça sentido para todos, principalmente para quem não vive na Europa, por isso, se desejarem, podem adaptar de forma a que vos faça mais sentido.
Para representar cada elemento no altar existe uma enorme lista de coisas que podemos usar, aqui ficam algumas sugestões:

Elemento Terra:  Plantas, flores, sal, terra, açúcar, pedras, cristais, folhas...

Elemento Fogo: Vela vermelha ou laranja, lamparina, pedras de vulcão...

Elemento Ar: Incensos, essências, penas... 

Elemento Água: Conchas, leite, água...

Os Instrumentos Mágicos também são associados a cada um dos Elementos da Natureza, e dispostos no respectivo Ponto Cardeal do Altar. Além disso, a Deusa e o Deus também são representados. Na Wicca, o lado esquerdo do Altar corresponde ao pólo de absorção, às energias femininas e receptivas. É onde se posiciona a Deusa, e para representa-la é costume utilizar-se uma vela preta. O lado direito do Altar corresponde ao pólo de reflexão e emissão, às energias masculinas e expansivas. É onde se posiciona o Deus, que para representá-lo é costume utilizar-se uma vela branca, fazendo alusão à sua imagem de luminosidade. Estes pólos de energia não são necessariamente obrigatórios nas práticas da Bruxaria, mas são muito úteis, pois para além de facilitarem o controle de energia, são uma boa protecção contra os ataques mágicos e energéticos, basta inverter-se a polaridade do Altar para repelir tais energias.
Existem ainda outros materiais e símbolos que se podem utilizar para representar a Deusa e o Deus no Altar, colocado-os próximos da vela que os representa:

Deusa:  Lua, triskle, estatuetas/imagens de deusas antigas, gato, cisne, pedra perfurada, grinalda de flores, triluna/lua tríplice, conchas...

Deus:  Sol, pedra pontiagudo, estatuetas/imagens de deuses antigos, cervo, serpente, grinalda de folhas, símbolo do deus, bolotas...

Na impossibilidade de ter um altar fixo em casa poderemos apenas ter um altar ritual, ou seja, um altar que montamos no lugar onde realizaremos o ritual. No fim, desmontamos e guardamos os utensílios onde preferirmos. Importante sublinhar que também não será necessário gastar muito dinheiro para poder ter um altar, abaixo poderão ver um esquema representativo da configuração de um altar básico. Simples não é?

O que são os Instrumentos Mágicos?

É costume nas práticas pagãs o uso de utensílios a que chamamos Instrumentos Mágicos. Os Instrumentos Mágicos, para além de criarem um agradável ambiente ao espaço,  servem para direccionar as energias à intenção do ritual, ajudam-nos essencialmente a focar-nos. Mas nunca nos podemos esquecer que é de nós que a força provem, os Instrumentos Mágicos apenas nos auxiliam. 
Normalmente um dos problemas que surgem são as quantias de dinheiro, por vezes exageradamente elevadas, que se gasta na compra destas ferramentas, mas para se praticar Bruxaria não será necessário gastar muito dinheiro. Simples utensílios que usamos no nosso dia-a-dia poderão ser uma alternativa aceitável. Ora vejam, uma simples faca poderá facilmente substituir o Athame (Punhal Ritualístico), ou um copo poderá servir de Cálice. E quanto à Varinha Mágica, um galho de uma árvore será mesmo o ideal, melhor que qualquer outra Varinha Mágica comprada numa loja esotérica. As feiras e os mercados também são uma boa hipótese para encontrar alguns dos Instrumentos Mágicos a preços muito mais acessíveis. 
Como podem ver não será assim tão difícil adquirir Instrumentos Mágicos, basta apenas improvisar. A Bruxaria é isso mesmo, feita de coisas do nosso dia-a-dia.

29/10/2013

O Deus Cornífero

Caldeirão Gundestrup - Dinamarca (Século I d.C.)
O Deus Cornífero representa o sagrado masculino. Ele é a essência do sexo masculino, o consorte da Deusa, o Senhor da Floresta. Sem ele a vida não existiria, pelo o que é visto como a fonte de toda a criação - o principio masculino que fecunda a Terra Mãe - e é por isso simbolizado pelo Sol. Sem o sol não existiria vida na Terra.
   Ao longo da Roda do Ano podemos observar as diversas etapas da sua vida: 
     EYule (Solstício de Inverno) é o seu nascimento, a altura do ano em que se assinala o dia mais curto e a partir do qual a duração dos dias recomeça a aumentar. Em Imbolc já se nota a sua fase de crescimento, e observamos que a duração dos dias também começa a aumentar. Em Ostara (Equinócio da Primavera) é um jovem com vigor e vitalidade que dança com a Deusa na sua face de Jovem. Torna-se adulto eBeltane onde se celebra o seu casamento com a Deusa. Em Litha (Solstício de Verão) o Deus morre ao atingir o seu máximo vigor, assim como a luz do dia atinge o seu auge de duração e começa a reduzir-se. Em Lammas o luto à morte do Deus Cornífero é celebrado. Torna-se um novo embrião em Mabon onde repousa no útero da Deusa. E em Samhain regressa por alguns momentos da Terra do Verão, o lugar onde as almas dos mortos repousam jovens novamente e onde aguardam pelo seu renascimento, assim como o Deus Cornífero repousa para voltar a renascer em Yule e retornarmos a um novo ciclo.

As imagens do Deus Cornífero ostentando chifres de veado na cabeça simbolizam a sua ligação com a Natureza e os animais. Os nossos antepassados viam-no como o deus da caça e por isso representavam-no como meio humano e meio animal. Nada tem a ver com o Diabo, a imagem do Diabo foi adaptada pelos cristãos a partir da imagem do Deus Cornífero, acusando as bruxas e os bruxos de venerarem o demónio, com o objectivo de assim acabarem com os cultos pagãos. O Deus Cornífero representa a renovação, a vitalidade, a força e a fertilidade. 
Símbolo do Deus Cornífero

As Três Faces da Deusa


O ciclo lunar é composto por vinte e nove dias e meio aproximadamente, tal como o ciclo menstrual das mulheres, o que conduz a uma identificação da Lua como o elemento feminino. A Lua representa a Deusa nas suas três faces: Jovem, Mãe e Anciã. O vigor jovem da Deusa ocorre na fase da Lua Crescente, já na Lua Cheia a Deusa é Mãe, e na Lua Minguante torna-se a Anciã. A Lua Negra (Lua Nova) corresponde à transformação da Deusa, a sua transição, a passagem pelo mundo dos mortos, para que depois reencarne e renasça como Jovem novamente.
Jovem
Em Jovem representa, tal como o nome indica, a juventude; a busca pelo conhecimento, as iniciações na vida, as descobertas, a liberdade. É também associada à adivinhação, à clarividência e aos encantamentos. As cores que a representam são suaves e claras, como o branco, o prateado, o amarelo claro e o cor-de-rosa. A Lua Crescente, associada a esta face da Deusa, é propícia para realizar encantamentos de atracção, de trazer mudanças positivas, de amor, de sorte e crescimento. É uma fase favorável a novos começos e a novas ideias.
Mãe
A face Mãe da Deusa é tida como a da eterna doadora da vida, representando a criação, o poder, a protecção, o carinho maternal, o amor e o ensino. Está ligada à fertilidade, à sexualidade, ao parto e às inovações. Nesta fase a Deusa está na sua plenitude, no auge da vida e no máximo do seu poder. As cores que a representam são o verde, o cobre, o vermelho, o lilás e o azul. A Lua Cheia, que representa a face Mãe da Deusa, é adequada a encantamentos de transformação, de aumento da aptidão física e fertilidade.  É uma fase de força e poder.
Anciã
Em Anciã, a Deusa encarna a sabedoria da idade madura, detentora de todos os segredos. Representa a sabedoria e o conhecimento, a transformação, o renascimento e a ligação com outros mundos. É também o aspecto mais negro da Deusa, no  qual ela rege os ciclos da Natureza para que o equilíbrio entre a vida e morte seja perpetuado, sendo a Senhora da Morte que nos levará ao renascer, à reencarnação. As cores que correspondem à Anciã são o preto, o cinzento, o roxo, o castanho e o azul escuro. A Lua Minguante, que identifica esta face, é adequada a encantamentos para banir, libertar ou inverter, terminar com maus hábitos e vícios, e acabar com maus relacionamentos. É uma fase de intuição profunda.
Triluna ou Lua Tríplice
   Simboliza a Deusa e representa as suas três faces 

A Deusa

Vénus de Willendorf
Construída no Paleolítico
Entre  24.000 e 22.000 a.C.
A Deusa, que representa o aspecto feminino, é considerada a Grande Mãe, geradora de Vida, estando presente na Natureza e em tudo o que nos rodeia. Ela é a consorte do Deus, Ela é a Terra e a Lua.
A Deusa é vista de muitas formas diferentes, e chamada por muitos nomes diferentes, muitas vezes dependendo das tradições que se seguem ou dos panteões. Estas variâncias permitem a qualquer Pagão conectar-se com Ela da forma que achar mais adequada, permitindo uma ligação mais intensa e pessoal.
Existem muitas peças arqueológicas, assim como pinturas retratadas em cavernas, desde os tempos do Paleolítico, que nos leva a acreditar que a primeira forma de religiosidade do Homem tenha sido a adoração a uma Deusa Mãe. Identificam-se numerosas estátuas de possíveis deusas de culto à fertilidade e sexualidade, com características semelhantes entre si, exibindo nudez e as formas do corpo exageradamente volumosas, como se estivessem grávidas. Esses objectos demonstram como a fertilidade da mulher era considerada sagrada. Os antigos viam a mulher e a Terra como um todo, a energia feminina era considerada a energia criadora, geradora de vida.

Ler também: 

28/10/2013

Gerald Gardner


erald Brousseau Gardner é considerado o responsável pelo ressurgimento das antigas práticas pagãs e da Bruxaria, muitas vezes referido como o "Pai da Bruxaria Moderna".
Nasceu no dia 13 de Junho de 1884 em Blundellands, nas proximidades de Liverpool, Inglaterra.
A família era de ascendência escocesa, delineando as suas raízes a uma mulher chamada Grissell Gairdner que tinha sido queimada como bruxa em 1610 em Newburgh.
Gerald Gardner era o segundo de três filhos, e sofreu de asma quando era jovem. Com quatro anos de idade viajou para a Europa com a enfermeira de família Josephine McCombie, que convenceu os pais a autorizá-lo a viajar com ela para que a sua condição melhorasse num clima mais quente. Com a Josephine viajou por vários lugares. 
Morou em Borneo, na Malásia e no Ceilã, nestes locais conheceu os rituais dos nativos e as suas crenças religiosas, o que o influenciou mais do que o cristianismo.
No Oriente, casa-se com Donna, uma inglesa, e em 1936, cerca de 10 anos após o seu casamento, os dois voltam para Inglaterra. Neste período adoptou o naturismo, e aprofundou o seu interesse pelo oculto.
Viajou por vários locais em expedições de arqueologia na Europa e na Ásia Menor. Em uma das expedições, no Chipre, viu coisas com que já tinha sonhado no passado, o que o levou a pensar que já tinha vivido naquele local numa vida anterior.
Na Inglaterra, antes da Segunda Guerra Mundial, Gardner conheceu pessoas que o introduziram na Bruxaria. Envolveu-se em grupos secretos e num dos grupos conheceu um homem que lhe disse terem estado juntos numa vida anterior em Chipre, e descreveu-lhe o sitio, o mesmo com que Gardner tinha sonhado. 
Na mesma época foi também iniciado pela Alta Sacerdotisa Old Dorothy Clutterbuc.
Em 1951, após a lei anti-Bruxaria ser revogada na Inglaterra, Gerald Gardner formou o seu próprio coven (grupo de bruxaria), e em 1953 iniciou Doreen Valiente no seu coven, com quem escreveu e reformulou o que tinha aprendido anteriormente. O corpo de esse trabalho é considerado o Livro das Sombras da Tradição Gardneriana, a primeira tradição dentro da Wicca.
A publicação do seu famoso livro “Bruxaria Hoje”, em 1954, laçou-o para o estrelato, colocando-o nos media  e a ser conhecido como o “Chefe dos Bruxos”. Em 1959 publicou o seu último livro, “O Significado da Bruxaria”.
Morreu de ataque cardíaco a 12 de Fevereiro de 1964, a bordo de um navio, quando retornava de uma viagem ao Líbano. O seu funeral realizou-se na Tunísia.

Wicca


A Wicca é uma religião baseada nos antigos cultos e rituais pagãos. É considerada o renascer da Bruxaria. Esta religião é focada na crença de uma Deusa e de um Deus, o casal divino, que representam o aspecto feminino e o aspecto masculino e que acabam por se completar. Porém alguns Wiccans (praticantes da Wicca) celebram mais deuses diversos, dependendo das Tradições que seguem, mas sempre focando o Deus e a Deusa. Cada tradição apenas centraliza um lado cultural diferente, mas no geral a essência das crenças e práticas é muito idêntica.
Dentro das práticas wiccans celebra-se a Roda do Ano que é composta por 8 Sabbats que simbolizam as mudanças das estações e períodos específicos na Natureza durante o ano. Para além dos Sabbats, os wiccans também celebram os Esbats, rituais focados na Lua, geralmente a Lua Cheia. Estas celebrações servem para a conexão com a Natureza, com os ciclos naturais, e com os Deuses.
Antigamente qualquer prática de bruxaria teria de ser mantida em segredo devido a grandes preconceitos existentes e a uma crença de que os bruxos e bruxas cultuavam o demónio e faziam mal às pessoas por meio da magia. Mas na década de 50, após a lei anti-Bruxaria ser revogada na Inglaterra, um homem chamado Gerald Gardner publicou os seus livros “A Bruxaria Hoje” (1954) e “O Significado da Bruxaria” (1959). Foi ele o fundador da Wicca e um dos grandes responsáveis por trazerem a Bruxaria e as antigas práticas pagãs de volta a vida.
Em 1964 Gerald Gardner morreu, mas a Wicca manteve-se viva expandindo-se pela voz de outros bruxos que acabaram por afirmar um papel de relevância no seu crescimento. Durante a mesmo época, nos Estados Unidos, popularizou-se entre os hippies e difundiu-se em grande escala.
Em 1970 a Wicca também teve um maior relevo na literatura o que originou um fácil acesso das pessoas à sua informação. Já quase na actualidade, também a nível televisivo e cinematográfico lançaram-se filmes, como The Craft, e séries, como Charmed, que elevaram a curiosidade pela Bruxaria à sua maior escala ajudando a expandir ainda mais a Wicca, para não falar do grande fenómeno, a nível mundial, Harry Potter.

Ler também: 
      - Gerald Gardner

O Paganismo e a sua ligação com a Bruxaria

Em tempos remotos, com o aparecimento do Homem, surgiram crenças na magia, no culto à natureza e em divindades Naturais. Assim nasceu o Paganismo e consigo a Bruxaria.
O Paganismo é o nome dado às práticas religiosas ligadas ao culto da Natureza.
A palavra pagão vem do latim paganus, o que mora no pagus, no campo, ou seja, “pessoa do campo”; era um termo usado pelos cristãos para se referirem às diversas religiões dos antigos camponeses da Europa, que não tinham uma cultura cristã e que não eram baptizados.
Os pagãos viviam da fertilidade da terra, pois grande parte da sua alimentação era cultivada e produzida por eles a partir do que a natureza lhes oferecia, assim como os animais que caçavam e os objectos que construíam. Devido a isso viam a Terra como sagrada e celebravam todas as épocas de colheita, agradecendo pelo que recebiam. No entanto, cada povo continha as suas próprias formas de celebrar e de ver as divindades, o que os diferenciou acabando por originar uma grande variedade de religiosidades dentro do Paganismo.
A Bruxaria é um ofício que se utiliza da magia natural (forças da natureza) para obter fins específicos. É bastante comum a sua presença no Paganismo pois as suas práticas estão também ligadas à sacralidade da Terra. Mas ser pagão não é necessariamente ser bruxo/a, no entanto a maioria dos pagãos consideram-se bruxos, porque ambos trabalham com a magia da natureza, vivem os ciclos naturais e buscam pelo conhecimento que está para além do que conseguimos ver.
Tal como o Paganismo a Bruxaria nasceu nos primórdios da humanidade. Acredita-se que na Era do Paleolítico, as imagens gravadas nas paredes das cavernas, que  representavam homens em caças, eram uma forma de magia para prender a alma dos animais, tornando as futuras caças mais fáceis. Actualmente, a maioria dos praticantes de uma religião reconstrucionista ou ligada à Bruxaria denominam-se pagãos.